Abril é o mês dedicado a literatura infantil, no mundo, e claro aqui no Brasil também. Nomes importantes são lembrados e celebrados como Monteiro Lobato, Chico Buarque, Maria Clara Machado, Raquel de Queiroz, Ruth Rocha, Ziraldo, dentre tantos outros.
E para marcar as comemorações, a Prefeitura Municipal de Aparecida, por meio da Sala de Comunicação e Imprensa lançam uma série de reportagens sobre o tema, intitulada “Era uma vez...”. Todas as sextas-feiras do mês de abril vamos falar do mundo dos livros, da importância da literatura para a educação e formação das crianças e, claro, o quanto ler ajuda no seu desenvolvimento pessoal. Vamos embarcar nesta aventura? No primeiro capítulo conversamos com Meily Cassemiro, educadora e mestre em projetos educacionais.
O dia 02 de abril é marcado pela celebração do dia internacional do livro infantil. Dessa forma, o incentivo a leitura desde pequeno auxilia no processo de aprendizado, desenvolvendo o imaginário e a escrita da criança. A leitura é um hábito importante para que as crianças sejam felizes e ao mesmo tempo tenham boas referências de livros quando atingirem a fase adulta.
A literatura está presente em nossas vidas de muitas formas, por meio de notícias, livros impressos e online, receitas culinárias, poemas, contos, crônicas etc. Ela vai muito além, pois através de suas dimensões (consideradas o núcleo da literatura), esse processo promove o desenvolvimento social, crítico, poético, espiritual e afetivo das pessoas.
“É desta vez...” Esta é a forma como a Educadora e Mestre pela EEL/USP em Projetos Educacionais, Meily Cassemiro Santos gosta de começar a contar histórias. A frase transmite a importância do hoje, do agora. Esse projeto permite que ela peça para que as pessoas contem suas histórias de vida, utilizando uma estratégia que alcança o afeto, incentivando o gosto pela literatura e a busca por referências.
Para ela, as escolas precisam desenvolver o hábito de leitura em crianças desde cedo, mas é essencial a presença dos pais para o anseio dos pequenos pela leitura.
O que muito se fala é de que o brasileiro não possui gosto pela leitura. Porém, essa realidade deve ser vista como um processo de construção como qualquer outro.
Na visão de Meily, a resistência é a maior dificuldade para incluir a leitura na vida das crianças e seus pais. O gosto precisa ser despertado, em um processo que deve ser feito com diversas estratégias.
“É preciso tocar o sentimento das pessoas para que elas gostem. A maior dificuldade é alcançar o afeto das crianças. A parceria da família é muito importante para conquistar não só a criança, mas também o jovem e a família”.
Muitas vezes, os pais não possuem o hábito de ler para seus filhos por não saberem a maneira correta de incluir a leitura no processo de desenvolvimento da criança. Dessa forma, a escola precisa promover oficinas de leitura apresentando técnicas e orientações de educadores que futuramente passarão a ler para seus filhos. A proposta é para que o hábito se estenda em casa e outros ambientes escolares. Esse processo permite que as crianças leiam os livros que mais gostem para que elas tenham um repertório literário marcante em suas memórias.
“Uma estratégia bacana é a maleta da leitura que contém um livro dentro e é importante que a família registre o momento de leitura para seus filhos por meio, de desenhos ou fotos. Essa maleta vai para a casa e volta para a escola transformando essa realidade de que os brasileiros leem pouco”.
De acordo com Meily, os resultados dos projetos são muito satisfatórios, pois as crianças gostam e participam de todas as atividades. Mas, são as famílias que mais agradecem e pedem para que os projetos sejam constantes. Dessa forma, a leitura se torna mais prazerosa.
“Existe uma criança interior em cada um de nós adultos. As crianças agradecem, mas as famílias agradecem muito mais e com lágrimas nos olhos” afirma.
Neste cenário de Pandemia do Coronavírus, em que as pessoas devem permanecer em isolamento social, é a melhor hora para iniciar uma boa leitura. Sabendo da condição financeira de muitas pessoas por não poderem comprar livros, os e-books (livros em formatos digitais) são uma ótima opção, pois possuem uma grande variedade de gêneros literários em versão gratuita.
“Eu tenho percebido também uma mobilização grande dos contadores e professores. Muitas pessoas estão compartilhando links pelas redes sociais de e-books grátis por serem um meio mais viável neste momento e a literatura vai muito além dos livros impressos”.
Hoje, as opções de assuntos e livros crescem cada vez mais e o mercado está suprindo todas as necessidades, inclusive, em materiais infantis sobre assuntos mais complexos para a compreensão das crianças. Porém, Meily acredita que ainda há certa carência em trabalhos voltados para as bibliotecas infantis. Para ela, feiras literárias e eventos em bibliotecas abertos ao público valorizam muito mais a literatura tradicional e moderna.
“Acredito que isso precisa ser feito de uma maneira constante, pois é um processo. A gente precisa promover e divulgar mais para que isso, de forma estratégica, tenha um ótimo resultado” ressalta.
Para finalizar, Meily deixou uma mensagem para que todos se inspirem e enxerguem a literatura como algo essencial em suas vidas.
“A literatura vai além da nossa imaginação e ela precisa vir sempre com uma promessa de final feliz. E o final feliz é para ser uma pessoa melhor e feliz. Essa é a principal missão da literatura. Eu digo mais para o público infantil mas, eu contemplo todas as idades quando falo disso. Quando eu busco a leitura eu busco para ampliar meu repertório, mas também para ser uma pessoa melhor, uma pessoa feliz, ter uma dimensão crítica, social, poética, afetiva e espiritual cada vez melhor”.
--
Bárbara Amaral