Recordar é viver mesmo que não seja da maneira que esperamos. Maria Cristina dos Santos tem 59 anos, é casada e mãe da “Paulinha”, carinhosamente chamada, que infelizmente não está mais entre nós, mas deixou um legado muito importante. Concursada na Prefeitura Municipal de Aparecida, Cristina trabalha a quase trinta anos na APAE, entidade que atende pessoas com deficiência. Para ela, trabalhar no local foi uma maneira de estar cada vez mais próxima da filha.
Amor de Mãe:
O que uma mãe não faz por um filho?
Essa é uma pergunta muito clichê que já ouvimos muitas vezes em algum momento. A frase em tese faz total sentindo com a dedicação de Cristina na vida de sua filha. Hoje, ela considera os mais de 200 alunos da APAE como seus filhos, pois todos os funcionários do local se consideram como uma família.
“A vida da minha filha mudou e teve toda socialização por a parte de tratamento. Isso para mim era muito melhor do que ler e escrever”, ressalta Cristina.
Após ser aprovada no concurso da Prefeitura, ela pediu para que fosse transferida para a APAE. Assim ficaria mais próxima da filha com a intenção de conseguir o melhor para o desenvolvimento dela. Com a perda de “Paulinha”, ela acreditou que não teria mais sentido algum trabalhar na Entidade.
Cristina conta que, com o passar dos anos, ela começou enxergar a situação de uma maneira diferente. Para ela, o esforço que tinha com sua filha poderia ter com os demais alunos da APAE. Cada ano que passava, ela estava cada vez mais empolgada para trazer o melhor para a entidade, sejam com festas, infraestrutura e atividades pedagógicas.
“Nós respeitamos a hierarquia no trabalho, mas quando precisa, todo mundo ajuda, seja para lavar o pátio ou até mesmo um banheiro”, conta Cristina.
“Todos aqui trabalham por uma única causa”, completa.
Ela explica que muitas pessoas têm preconceito com as pessoas com deficiência e que a maior parte não entende o comportamento delas.
“Os alunos se compreendem, não sabemos como, mas cada um com sua deficiência sempre respeita uns aos outros”, comenta Cristina.
“Não é como as pessoas acham que na APAE as crianças vão avançar e agredir. Elas são as crianças mais carinhosas que existem”, afirma ela.
A falta de informação e empatia com as pessoas com necessidades especiais é um enorme problema para que a sociedade entenda que a deficiência é apenas um detalhe na vida das pessoas e que todos são como qualquer um de nós, mas que dependem de compreensão, carinho e respeito.
Fé:
Católica e devota de Nossa Senhora Aparecida, Cristina conta que a filha foi o maior milagre em sua vida. Mesmo com as dificuldades do dia-a-dia ela nunca perdeu a esperança em melhora no quadro de saúde de sua filha.
Sua vida esteve sempre ligada a fé por acreditar na força divina em conceder o melhor para a família.
“Eu escutei o médico falar que minha filha não iria andar e só iria viver até os oito anos. Ela sobreviveu até os 28 anos, teve muita superação”, conta ela.
Mensagem:
“Valorizem nossos alunos porque eles são capazes. Procure participar mais da APAE. A entidade estará sempre de portas abertas para que as pessoas possam conhecer nosso trabalho. Venham trazer seu amor e carinho para as crianças. Eu peço para que todos conheçam esse mundo que é diferente, mas que se a gente refletir é tudo igual”, finaliza Cristina.
