Garantir a segurança dos cidadãos nas ruas é um trabalho árduo e de grande responsabilidade, que muitas vezes passa despercebido e não recebe o devido reconhecimento. Sônia Beatriz da Silva, guarda civil municipal na cidade de Aparecida, dedica sua vida a proteger outras vidas há 15 anos, repetindo dia após dia uma rotina que, muito mais do que simplesmente trabalho, se resume em atos de amor ao próximo.
O início
Atualmente com 58 anos de idade, atuou como instrutora em auto-escolas, mudando-se de São Paulo (cidade onde nasceu) para Aparecida em 1983. Após a aprovação no concurso para fazer parte na Guarda Municipal, passou a exercer a função que mudaria sua vida:
“Antes da Guarda eu era instrutora de auto-escola. Fiquei vários anos dando aula em auto-escolas, algumas aqui em Aparecida. A última em que dei aula foi em Guaratinguetá, até que apareceu a oportunidade do concurso para a Guarda Municipal, um cargo efetivo e eu me interessei. Passei na prova escrita, fui aprovada em todas as etapas e estou aqui há 15 anos”, conta.
Orgulho por servir e proteger
Sônia não esconde, em suas palavras, ações e gestos, o amor por sua profissão. Para ela, trabalhar com o que ama é um privilégio e o sentimento de poder ajudar e proteger a população é indescritível:
“Para mim é uma realização, porque eu penso que a nossa profissão tem que ser o que a gente gosta e eu gosto de ser GCM (Guarda Municipal). Estou atuando em favor da sociedade, ajudando, protegendo. O lema é proteger e sempre dar apoio, no que precisarem”, revelou a guarda municipal.
Ela reforça que a paixão por seu trabalho também a motiva a ser uma pessoa melhor a cada dia, em todos os aspectos de sua vida:
“A minha motivação é de vida, de bem-estar, de estar me sentindo bem, protegendo a população. É esgotante, a gente enfrenta sol e chuva, então tem que gostar mesmo. Eu gosto muito do que eu faço, estou sempre na rua, algumas vezes estou aqui interna, mas estou há 15 anos na rua”.
Momentos marcantes
O ato de arriscar sua própria vida para defender e zelar pelo bem-estar dos demais cidadãos não é uma tarefa fácil e envolve diversas dificuldades. Por outro lado, há momentos únicos e emocionantes que apenas quem se doa pelo próximo é capaz de viver, como detalha Sônia:
“Acompanhar procissões, socorrer, ajudar pessoas perdidas a reencontrar seus familiares, tudo isso é muito marcante para mim. A gente se envolve emocionalmente, eu já tive que socorrer uma pessoa com parada cardíaca até que o Samu chegasse. A nossa função abrange tudo, então o que aparecer no dia em termos de ocorrência, nós temos que sair e fazer nosso melhor para que tudo corra bem”, relata a guarda.
Relação com a família
Quando não está se dedicando à Guarda Municipal, Sônia volta toda sua energia e força para sua família. Mãe de um casal de filhos e avó de um casal de netos, ela equilibra a agitação de seu dia a dia de trabalho com a tranqüilidade e o afeto dos momentos com os familiares:
É gratificante, mas tem um lado positivo e um lado que é mais complicado. Há um retorno bom e um retorno que não é tão bom. Nós fazemos a função de segurança do trabalhador, no trânsito também, então é um foco geral na segurança pública. Eu costumo dizer que temos que ter foco, força e fé, porque você precisa ter foco para não desanimar, tem que gostar do que faz.
“Fora do trabalho eu sou outra pessoa. Sou mais discreta, não misturo as coisas. Quando estou de folga passo o tempo coma minha família, tenho um casal de filhos e um casal de netos. Um dos meus filhos mora em Aparecida e o outro em Cruzeiro, mas sempre tenho contato com eles, em todos os finais de semana. Geralmente passo meu tempo livre com a família e amigos em atividades mais discretas, até pela função que exerço”.
Luta contra o preconceito e dificuldades
Apesar de exercer uma importante função na sociedade, Sônia conta que ainda passa por situações lamentáveis de preconceito em seu dia a dia no trabalho, simplesmente pelo fato de ser mulher. Exemplo de força e competência, ela revela a forma como lida com estes episódios que expressam uma realidade de casos de machismo que infelizmente ainda perduram em nossa sociedade:
“Ainda acontecem muitos casos de preconceito por eu ser mulher nesta função, mas isso eu tiro de letra mostrando meu potencial, meu conhecimento, minha postura, meu respeito, para que o respeito também seja recíproco. Acontecem casos, mas nunca chegou ao ponto de ter que tomar medidas drásticas”, diz Sônia.
Importância da Mulher
Referência tanto do ponto de vista profissional como pessoal, Sônia se mostra feliz por poder transmitir um pouco de sua experiência a outras pessoas e destaca a importância da mulher na sociedade:
“Eu me sinto orgulhosa, me sinto grata por poder estar aqui passando um pouco sobre mim e sobre o meu trabalho na Guarda Municipal. Para mim, a mulher é fundamental na sociedade, porque ela é quem gera a vida, então toda a base vem da mulher. Tudo na vida do ser humano começa com a mãe, e a mãe antes de tudo é uma mulher”.
A história de Sônia traz uma importante reflexão sobre o grande número de mulheres guerreiras, que dia após dia dedicam suas vidas para proteger as de outras pessoas. Um trabalho nobre e de extrema coragem, que merece todo o reconhecimento.
Luis Felipe Pereira
